A Direção da Organização Regional do Litoral Alentejano do Partido Comunista Português (PCP) manifesta a sua profunda preocupação com o abate de sobreiros na região de Morgavel, considerando-o um atentado ao património natural que deve ser imediatamente travado e denúncia o cair da máscara dos grandes grupos económicos que se escondem por detrás das preocupações ambientais e com o futuro do planeta.

As proliferações de vários projetos ditos verdes é uma realidade que não é nova no Complexo Industrial e Logístico de Sines - CILS, a componente ecológica “verde” de quase todos eles prende-se essencialmente à forma como é produzida a eletricidade que servirá como base à concretização. 

O grande número de projetos apresentados nos últimos tempos gera uma pressão muito elevada sobre os terrenos do CILS, sendo alarmante que, sob a capa da defesa do ambiente, os principais grupos económicos da área da energia continuem a explorar recursos públicos, seja através de tarifas elevadas, subsídios ou apropriação de fundos comunitários.

O caso do abate de sobreiros pela EDP junto à barragem de Morgavel é um exemplo gritante em que manifestamente se pretende legitimar todo o tipo de manobras para continuarem a aprofundar a exploração dos trabalhadores e também a delapidação do património natural, neste caso os sobreiros e o seu papel nos ecossistemas naturais. A DORLA do PCP faz notar também que não existem medidas concretas para a proteção do Montado, um dos patrimónios naturais mais emblemáticos do Alentejo, nem a implementação de medidas compensatórias na região por parte da EDP após o abate dos sobreiros.

A política energética para o país é uma matéria de primeira importância em face do contexto muito complexo em que é necessário encontrar soluções de baixo carbono e que representem verdadeiras alternativas nessa lógica, mas de igual modo assegurem a autonomia e independência energética nacionais. 

O PCP recorda o encerramento prematuro da Central Termoeléctrica de Sines, ao qual foi dado cobro pela maioria PS no executivo da Câmara Municipal de Sines e contestado pelo PCP - que pode ser apresentado como o reverso da medalha para o abate de sobreiros.

Desta forma, todas as fontes de energia devem ser avaliadas através desta bitola e não de uma forma parcial ou apocalíptica que muitas vezes é passível de cavalgar legítimas preocupações das populações, porém sem apontar soluções ou fazendo-o, desviam o foco do carácter profundamente lesivo de esgotamento dos recursos naturais que representa o modo de produção capitalista. O capitalismo não é verde.